Não é por acaso que o mundo teme seriamente o alastramento rápido do grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Noticias como execuções de jornalistas, e canibalismo assustam que ver o desenvolvimento do EI, grupo que tem uma grande base financeira. Está avaliado em cerca de dois mil milhões de dólares norte-americanos.
A economia entrelaça-se, de forma intensa, com a política. De acordo com os dados de Igor Pankratenko, redator-chefe da revista Irã Contemporâneo, entre os criadores estrangeiros do EI estão Jeffrey Feltman, ex-embaixador dos EUA no Líbano, o príncipe Bandar bin Sultan, o então chefe das forças especiais sauditas, o emir do Qatar, bem como as lideranças dos serviços secretos turcos, britânicos e franceses.
Ainda em março de 2013, a britânica Guardian, publicou a informação de que na preparação dos guerrilheiros sírios no território da Cisjordânia participam, além da CIA, instrutores da Grã-Bretanha e da França. E o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, chamando os EUA de “cúmplices” de jihadistas, anunciou que, tal como escreve a Itar-Tass, “uma das bases” onde os EUA preparam os guerrilheiros do EI, fica na Turquia, perto de uma base da OTAN, na região do aeródromo de Inkirlik.
Quanto à participação da Arábia Saudita e do Qatar na criação do EI, é testemunha a publicação, em junho, por parte da agência iraniana Fars de um documento, assinado pelo Encarregado do Negócios do Qatar na Líbia, Nayef bin Abdullah al-Amadi. Nele refere-se que o emirado contratou 1.800 guerrilheiros, provenientes de Marrocos e de outros países do Norte de África, para participarem em ações militares no Iraque, do lado do EI. Os terroristas receberam preparação militar em bases militares na Líbia e receberam o salário em mão, pago pela Arábia Saudita e pelo Qatar, no valor de 700 dólares.
Entretanto, em junho, aquando do início do ataque por parte do EI, as autoridades de Riad, manifestaram-se veementemente contra a intervenção estrangeira no conflito iraquiano, acusando Bagdá de “política sectária”. As autoridades do Qatar manifestaram-se com acusações análogas às das autoridades xiitas. E até Obama, não obstante os pedidos de ajuda de Bagdá, não teve pressa com os raides aéreos para neutralizar o ataque do EI. Parece que todos estavam a espera de que os terroristas se estabelecessem em determinados territórios. Então, em algumas semanas, o EI tomou o controlo de cerca de um terço do território do Iraque, bem como de parte das províncias sírias.
Apesar dos média ocidentais chamarem o EI de "horda de fanáticos religiosos", calam o mais importante: trata-se de uma guerra pelo petróleo. O EI continua a conquistar as regiões ricas em petróleo do Iraque e da Síria. Os terroristas controlam os dois principais oleodutos: um através do qual é fornecido petróleo à Síria, foi fechado, o outro continua a funcionar. Através dele, o petróleo vai do Curdistão iraquiano, para o Djeihan turco, e depois para Israel.
Levanta-se a questão: como é que os terroristas podem vender o petróleo em mercados internacionais, que são controlados, quase totalmente, pelos EUA? A 29 de julho, o Conselho de Segurança da ONU, aprovou a declaração, preparada pela Rússia, contra a aquisição de crude a milícias sírias e iraquianas, incluindo ao Estado Islâmico. Mas o comércio continua. O petróleo é transportado ilegalmente por intermediários turcos, ao preço de 25 dólares o barril. The Telegraph informa que os guerrilheiros recebem quase um milhão de dólares por dia pela venda de petróleo das regiões que controlam.
O maior prejuízo é sentido pelo Irã, pela Síria e pelos xiitas iraquianos. O território ocupado pelos guerrilheiros está completamente isolado da Síria, dos xiitas iraquianos e do Irã. Os acontecimentos no Iraque reduziram a capacidade do Irã de apoiar Bashar Assad. O avanço futuro do EI para o sul do Iraque foi travado por esforços conjuntos das forças iraquianas de árabes xiitas, bem como divisões das forças especiais iranianas que entraram no Iraque. De acordo com fontes iraquianas, iranianas e ocidentais, o general iraniano Qasem Soleimani encontra-se na capital iraquiana e é responsável pela preparação da defesa da capital e pelas ações militares. Os iranianos estão focados, principalmente nos lugares sagrados xiitas. Parece que apenas Teerã está empenhado na luta contra as milícias EI.
Mas a derrota do EI não é um facto. Existe uma grande probabilidade de se fixar no território ocupado, no mínimo, até continuar a existir o atual regime da Síria e até do Irã. Contudo, quem ganha são outros países – os EUA, Turquia, Israel e Arábia Saudita.