Tanques cercam palácio presidencial de Níger
Tanques e veículos equipados com metralhadores estavam espalhados pela manhã no bairro do palácio presidencial.
Esta área da capital, Niamey, onde também se encontram ministérios, residências oficiais e o Estado-Maior do Exército, estava praticamente deserta, com exceção das idas e vindas de alguns funcionários.
Por outro lado, nos bairros populares de Dar el-Salam e Lazaret, a situação era quase de normalidade, com muitas pessoas nas ruas.
Após ter derrubado do poder na véspera o presidente Mamadou Tandja, o Conselho Supremo para a Restauração da Democracia (CSDR, denominação oficial do novo grupo) anunciou ter na liderança o comandante do esquadrão Salou Djibo, cuja unidade, fortemente armada, desempenhou papel chave no golpe.
"O governo está dissolvido", afirmou um comunicado assinado por Djibo e lido na televisão estatal por um oficial não identificado.
Da Etiópia, o presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, condenou a ação dos militares do país.
"A UA condena sistematicamente qualquer mudança constitucional e a tomada de poder através da força ocorrida no Níger", afirmou Ping, que pediu "o rápido retorno à ordem constitucional".
Ping está em contato direto com o presidente da Comissão da CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) e com outras autoridades internacionais envolvidas, informou a UA.
Os militares de Níger derrubaram Tandja na quinta-feira em enfrentamentos armados que deixaram pelo menos três mortos.
"Neste dia, 18 de fevereiro, nós, as forças de defesa e segurança, decidimos assumir nossa responsabilidade colocando fim à tensa situação política", afirmou o porta-voz da CSDR, o coronel Goukoye Abdoulkarim.
Níger, um dos países mais pobres do mundo apesar de ser o terceiro produtor mundial de urânio, atravessa uma grave crise política desde que o presidente decidiu prolongar seu mandato.
Após 10 anos no poder, Tandja, de 71 anos, dissolveu no ano passado o Parlamento e o Tribunal Constitucional e conquistou o aumento de seu mandato por pelo menos mais três anos em um referendo realizado em agosto.
O coronel Dikibrilla Hima Hamidou, comandante da unidade de elite militar do Níger e ex-membro de outro grupo responsável por um golpe de Estado em 1999, apareceu junto ao porta-voz que anunciou a tomada de poder.
Segundo informações, os militares golpistas prenderam Tandja em um local diferente de onde estão os ministros.
A França, que teve Níger como colônia até sua independência em 1960, pediu seus cidadãos que não saiam às ruas. O gigante francês da energia nuclear Areva é o maior empregador privado no país.
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