sexta-feira, 23 de abril de 2010

DOR, TRISTEZA E REVOLTA, MARCAM ENTERRO DE VÍTIMAS DA CHACINA DE ITAQUARA
Fotos do Jornal Atarde
Em meio à dor, tristeza e revolta, os moradores da comunidade da Vila Castelo Branco, zona rural de Itaquara, a pouco mais de 300 km de Salvador, enterraram mãe, filha e sobrinha mortas a tiros e facadas pelo lavrador Joilson Moreira Almeida, 24 anos. Um vizinho da família, que morreu de infarto ao ver os corpos na rua, também foi enterrado nesta quinta-feira, 22, no mesmo cemitério da comunidade, que tem pouco mais de 600 moradores.
A tragédia aconteceu por volta das 18 horas de quarta-feira, quando o lavrador atraiu as vítimas a um orelhão alegando que alguém de São Paulo havia ligado para as mulheres e estava aguardando retorno. Era uma armadilha para matar a namorada, Juliana Santos Almeida, 19, com quem se relacionava havia um ano.
Segundo familiares da vítima, boatos circularam na região que Joilson adquiriu a faca e um revólver, calibre 38, para se vingar da namorada, que estava grávida dele, mas rejeitava a proposta de abortar o filho.
Depois de cometer o primeiro homicídio, o lavrador investiu contra a prima da mulher, Nívea Almeida Ribeiro, 18, matando-a a tiros e facadas e agiu da mesma forma contra a tia de Juliana e mãe de Nívea, Zélia Moreira de Oliveira, 42 anos.
Vendo a irmã e a mãe mortas, o filho de Zélia, Cícero Almeida Ribeiro, 19, tentou enfrentar o assassino e foi ferido gravemente na barriga e no braço, sendo encaminhado em estado grave ao hospital. Um primo das vítimas, Marivaldo de Jesus Santos, 43, também foi ferido a facadas, mas sem gravidade.
O aposentado Roque Tomás de Jesus, 73, foi ver a cena, não resistiu e sofreu uma parada cardiorrespiratória, morrendo ao dar entrada no pronto-socorro.
Sem ser contido, Joilson invadiu a casa dos avós, Esmeraldo Venâncio Almeida e Maria José Moreira, ambos com 77 anos, e tentou matá-los. Ao perceber a presença dos policiais, ele tentou o suicídio, com a mesma faca usada para cometer os crimes e em seguida reagiu com disparos de revólver contra a PM e foi alvejado no peito.
Joilson está na enfermaria do Hospital Geral Prado Valadares, em Jequié, sem receber visitas, a pedido da polícia e sob a vigilância de dois soldados, já que poderia ser linchado por amigos e parentes das vítimas. Ele foi submetido à cirurgia para extração do projétil e, segundo os médicos que o atenderam, seu estado de saúde inspira cuidados.
De acordo com a delegada de polícia, Maria do Socorro Damásio, existem várias linhas de investigação, mas os trabalhos iniciais serão voltados para apuração de crime passional, com ênfase nas informações colhidas por familiares dos envolvidos, embora a família de Juliana tenha alegado desconhecer a gravidez da filha.

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