Com a vitória da Presidente Dilma Roussef (PT), com vantagem esmagadora no Nordeste Brasileiro, muitos se perguntam, seria o Bolsa Família ou “bolsa esmola” como falam muitos sulistas, responsável pelos votos da população que vive na outrora região mais pobre do país?
Diante deste questionamento, que para muitos não é uma interrogante, mas sim uma afirmação, indo ao extremo de pregar o extermínio dos nordestinos, que para surpresa pode ser parte dos seus ancestrais. Cresce com isso os movimentos racistas, xenofóbicos e discriminatório, contra aqueles que ajudaram a construir as cidades onde eles mesmos vivem como São Paulo, Curitiba, Campinas, E.T.C..
Mas afinal, o que leva o povo residente no Nordeste a votar com imensa maioria no Lula e na Dilma para presidir a nação?
Antes de sair por aí chamando este povo de preguiçoso, corruptos e burros, primeiro temos que conhecer um pouco da história dessa região. Foi no Nordeste que começou a exploração das terras do Brasil, quando ainda era colônia portuguesa. A capital era Salvador na Bahia, quando foi tomada a decisão de mudar para o Rio de Janeiro. Desde então que quase todas as atenções foram canalizados para aquela região, onde hoje compreende o sul e sudeste brasileiro. Assim se seguiu ao longo do período pós-colonial, no Império e na República, quando maior parte dos investimentos em infraestrutura, saúde, educação e incentivos industriais foram guiadas pelos governos da época para a região sul de Minas, do Rio, os estados de São Paulo e os estados do Sul como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Além de abandonados pelos governantes da época, as intempéries naturais como as secas constantes, flagelaram o nordestino, forçando-o a ter que migrar para sobreviver, indo para onde estavam os investimentos e a geração dos empregos. Onde? Exatamente, nas áreas que estavam incentivadas a industrialização, as escolas de nível superior, a agricultura e a pecuária. Ou seja, no sul do país, que não tinha seca, possuía terras férteis e maior atenção governamental.
Com a seca, com a falta de atenção igualitária dos governos, aumentava a miséria, crescia o analfabetismo e muitos nordestinos tinham que trabalhar em condições análogas a escravidão, para poder malmente se alimentar. Digo malmente, pois os salários pagos dava só para comprar o Kg de Feijão de 3ª, Arroz de 3ª, um pedaço de carne cheia de nervos e 1 kg de Farinha de Mandioca. Macarrão e uma carne de 2ª, por exemplo, só de vez em quando e em época de festas. Com isso acabava o dinheiro! Comer de forma razoável era privilégio de poucos. E bem mesmo, era uma minoria, que gostava de posar de sulista e escravizar a seus conterrâneos com trabalhos de sol a sol em troca de comida de 3ª.
Este era o Nordeste até os anos 2000, onde se morria de fome e desnutrição e eram felizes aqueles que conseguiam migrar para o sul. É importante reconhecer que nos governos de FHC deu se inicio ao combate a estas mazelas, mas de forma muito tímida. Foi só com a chegada de Lula, um nordestino que passou fome e teve que migrar ao sul em um caminhão pau-de-arara, que as coisas no Nordeste começaram a suavizar.
Então seria apenas o Bolsa Família que move o povo nordestino a votar no PT? Bem, é verdade que o Bolsa Família, ajudou a milhões de pessoas nessa região a deixar a extrema pobreza, mas atribuir tudo a este programa, é atestar falta de conhecimento sobre a região.
Nos últimos 12 anos, por exemplo, na Bahia, passou de apenas 1 para 6 Universidades Federais em vários pontos do estado, além de várias estaduais. O mesmo se deu com outros estados da região. A economia do Nordeste cresceu mais que a do Brasil inteiro (média de 3 a 4% ao ano). Com isso veio a geração de emprego que cresce a cerca de 3 a 4 por cento ao ano. Daí, unidos estes pontos, mais programas estudantis como PRONATEC, FIES, Escolas Técnicas e Programas para Microempreendedores, gerou a redução do analfabetismo, caindo para o patamar das taxas análogas as do Brasil bem como promoveu ascensão de muita gente a classe média, além da quase extinção da miséria.
Hoje muitos não migram mais ao sul do país, pois as oportunidades de emprego começam a surgir na região. E por incrível que pareça, temos pessoas vindas de São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e Paraná em busca de empregos no Nordeste. Basta ver os polos industriais de Camaçari, na Bahia, mais os polos industriais do Ceará e de Pernambuco.
O Nordeste de Hoje, ainda tem muito o que melhorar na Saúde, na Educação, na Distribuição de Riquezas, na Geração de Empregos, porém nada que comparar com o Nordeste de 15 anos atrás.
Se você que acha o Nordestino burro pelo seu voto, ao contrário, o Nordestino ele foi soberano e fez seu julgamento. Ele viu que apesar dos problemas, avanços aconteceram como nunca em sua história. Por isso, povo inteligente é aquele que vive o presente, enfrenta os desafios, tem o olhar no futuro, mas jamais esquece, antes apreende com o passado, para valorizar o por vir.
Não é preciso ser militante ou simpático ao PT para entender tudo isso, é só começar a usar a inteligência, a estudar e pesquisar, antes de cometer a burrice de chamar quem não conhece de burro.
Reflitamos, tenhamos ideias, discutamo-las, porem jamais as abandone, apenas renove-as.
Por Ed Santos
1 comentários:
Excelente texto!
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