O ex-ministro José Dirceu afirmou nesta sexta-feira (15) que a prisão não vai abatê-lo nem tirá-lo da vida política. “Eu não vou me dobrar. Eu vou continuar lutando. Nenhuma prisão vai prender a minha consciência.” A informação é da colunista da Folha, Mônica Bergamo. Dirceu deu a afirmação por telefone de sua casa, em Vinhedo (a 100 km de São Paulo). Ele está na cidade esperando as definições do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre como serão efetivadas as prisões dos réus do mensalão.
O ex-ministro foi condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa, que juntos dão mais de dez anos de pena e demandam o regime de prisão fechado. Como o crime de formação de quadrilha está sob embargo, o advogado José Luis de Oliveira, que defende Dirceu, pretende pedir prisão domiciliar ou regime semi-aberto. “Todos os recursos judiciais cabíveis serão propostos”, disse. Com ele estão as três ex-mulheres e os quatro filhos –Zeca Dirceu, Joana, Camila e Antônia. O ex-ministro não quis dar entrevista. Mas fez um rápido desabafo. “O que eu não posso aceitar é essa coisa medieval, de inquisição. Não basta as pessoas serem condenadas, elas têm que ser linchadas? Como é que publicam a foto da minha filha de 3 anos nos jornais? Isso é proibido em qualquer lugar do mundo, é o direito de uma menor”, disse ele, referindo-se a uma fotografia divulgada por jornais e sites em que ele aparece na praia ao lado de sua filha, Antônia, na Bahia.
“Eu faço a disputa de peito aberto, mas esse tipo de linchamento eu não aceito.” “Estão plantando o ovo da serpente. E a primeira vítima será a própria imprensa, os jornalistas. Foi assim em 1937 [ditadura do Estado Novo], em 1964 [ditadura militar]. Os que apoiaram [os golpes] foram os primeiros a sofrer depois.” Dirceu afirmou ainda que “a imprensa apoiou a eleição do [Fernando] Collor contra o Lula. E ele se virou contra ela. O Collor não invadiu a Folha?”. Em 1990, o jornal foi invadido pela Polícia Federal. Outro episódio que a imprensa teria apoiado, na visão de Dirceu, para depois se dar mal foram as manifestações de junho deste ano.
“Elas foram cantadas em prosa e verso. E logo depois jornalistas foram agredidos no meio da rua, carros de reportagem foram incendiados. O que aconteceu com a TV Globo? Os repórteres da TV Globo não podem sair às ruas para fazer suas matérias.” Ele diz que aguarda a decisão sobre as prisões com “o espírito de quem se considera injustiçado. E a pior injustiça é aquela que a Justiça faz”. “Esse é o meu caso”, afirma ele. “Fui condenado sem provas. É público e notório que sou inocente e que a minha vida é limpa. E virei um chefe de quadrilha?”
Informações: Blog Marcos Frahm
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