segunda-feira, 4 de abril de 2011

 Antes de comprar um carro, saiba o que observar para não se dar mal

Cada vez mais convidativos, os anúncios de vendas de carros  financiados podem representar uma cilada para o comprador, se este não calcular cuidadosamente todas as despesas envolvidas.  Uma prestação de R$ 499, por exemplo, se revela uma despesa mensal de  R$ 1 mil ou mais quando se coloca no papel custos com IPVA, combustível, seguro, manutenções e até mesmo multas.

Para Mauro Calil, educador financeiro e autor do livro A Receita do Bolo, a maioria das pessoas só se preocupa com o pagamento das parcelas do carro, esquecendo as despesas adicionais.  Ele ensina que, na hora da compra, é preciso ponderar uma série de decisões, a fim de evitar o que chama de “os sete  erros”.  O primeiro  passo para evitar uma compra errada ou desnecessária  é questionar qual a real utilidade do carro. Se é para ir ao escritório, parar o carro lá e só voltar para casa à noite, pode ser mais vantajoso financeiramente ir de táxi, diz Calil.
Segundo ele, esta situação é mais comum em famílias que têm dois ou mais carros em casa. “Por um mês, faça as contas de quanto gastou com o combustível e o estacionamento, e acrescente ao valor da parcela. Depois vá para o trabalho por uma semana de táxi e veja como sai mais barato”, aconselha  o especialista. Ele lembra que é possível até  conseguir um desconto junto ao taxista, já que este terá duas corridas certas todos os dias. Se a distância entre o trabalho e a residência for de até 15 quilômetros, Calil assegura que a medida significará uma boa economia nos gastos do mês.
Pesquisar
Já Antônio de Julio, consultor especializado em educação financeira da Moneyfit, afirma que é possível fazer uma economia de até 5% se o consumidor pesquisar um determinado carro em diferentes concessionárias da cidade. Se o automóvel custar R$ 60 mil, esta diferença representará até R$ 3 mil na hora de fechar o negócio.
“Quanto mais o consumidor pesquisar, mais poder de negociação ele terá para fechar o melhor negócio”, analisa. Ele considera equivocada a crença, ainda difundida por algumas pessoas, de que “quem negocia é pobre“, bem como a de que o vendedor estaria fazendo um grande favor ao procurar oferecer o melhor negócio para o cliente.
Calil reforça ser positivo este investimento de tempo e aconselha que sejam feitas visitas a, no mínimo, três concessionárias diferentes para pesquisar preços e condições. Outra dica é tentar economizar no mínimo por três meses, para reduzir o valor das parcelas. Ele frisa que “sempre vai ter os juros contra a pessoa”, e que o máximo de prestações indicadas no financiamento é de 24.
Desvalorização
Quem vai comprar um carro também deve  lembrar que ele se desvalorizará com os anos.  Calil observa que  esta é outra pesquisa a ser feita antes de escolher o modelo. “Há carros que se desvalorizam tanto que a gente diz que não vende, desova”, brinca. A depreciação pode chegar a 40% do valor inicial, a partir do momento em que  o carro sai da concessionária.

Evite os sete erros:

1 - Só olhar as parcelas
O consumidor não deve apenas se ater ao valor das parcelas que cabe no seu bolso. Ele tem que calcular o valor total da compra e ver quanto de juros irá pagar. Alguns consultores acreditam que o consumidor não deveria nem financiar o veículo, e só comprar quando tivesse o valor integral para não pagar juros;

2-   Não pesquisar
É recomendado pesquisar carros concorrentes e, se o consumidor tiver a ideia fixa de comprar uma marca, pesquisar concessionárias diferentes. O preço das concessionárias não é tabelado e é preciso negociar com os vendedores também. A dica é visitar, no mínimo, três revedendoras;

3 - Esquecer custos
As pessoas devem lembrar que a compra do carro não é composta apenas pelas parcelas. Há o IPVA, o pagamento do seguro, do combustível, a manutenção e até mesmo as multas. Segundo os consultores, é uma despesa fixa no orçamento que sairá, no mínimo, por  R$ 1 mil  mensalmente;

4 - Ignorar a revenda
Um carro popular novo perde até 15% do seu valor no momento que sai da concessionária. É preciso pesquisar esta desvalorização do carro, antes de escolher o modelo. Alguns carros podem desvalorizar até 40% e, quanto mais caro o carro, mais ele perderá seu valor de venda no mercado;

5 - Acreditar que carro é um investimento
Mesmo que o consumidor junte suas economias mensalmente para adquirir um veículo, o carro não é investimento. Ele só se desvaloriza com o passar do tempo, ao contrário dos investimentos que trazem rendimentos para a sua conta;

6 - Ser emotivo
Os feirões de automóveis e o test drive do carro são algumas situações que deixam o consumidor mais vulnerável a comprar  pela emoção. Outra dica: não escolha o veículo porque ele vai chamar a atenção do seu vizinho. Esta escolha custa caro para muitos brasileiros e não deve ser pautada em reconhecimento e status;

7 - Levar parentes
Levar amigos ou parentes para o momento de fechar o negócio deixa o comprador mais vulnerável. Os funcionários podem se aproveitar para influenciar a esposa, ou os filhos, por exemplo, a levar aquele carro que ele quer vender. Somente a opinião do comprador deve pesar nesta hora

Escolher o carro só pela beleza é um grande risco
Qual a função que o carro terá para você? Quantos filhos você tem? Se tem crianças, é melhor comprar um carro quatro portas, já que é mais seguro para a família. São questões e respostas desse tipo que Júlio Cesar Câmara, engenheiro automotivo do Senai/Cimatec, apresenta a quem pretende comprar um automóvel.

Ele reforça que não é só o preço que deve pesar na decisão, mas o custo-benefício de cada uma das opções. “Se a pessoa comprar só pela beleza, o carro pode não  atender às expectativas”, alerta.

Para Câmara, também não adianta fazer certos tipos de economia. Se, para pagar menos, a pessoa só colocar o ar condicionado depois da compra, por exemplo, não contará com a garantia de fábrica dada pela montadora. E não se pode esquecer que, sem o ar condicionado, será até mais difícil para revender o carro depois.
FONTE TRIBUNA DA BAHIA

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