Por Paulo Moreira Leite, do 247
Partido que encolheu de oito para cinco governos estaduais em 2014, além de amargar uma quarta derrota consecutiva nas eleições presidenciais, o PSDB faria bem em prestar atenção em Marconi Perillo.
No quarto mandato em Goiás, adversário convicto do governo federal, Perillo acaba de cometer um gesto longe do carnaval do quanto-pior-melhor promovido por várias estrelas do PSDB. Ele acompanhou Dilma Rousseff e o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, do PT, num evento importante para o Estado: o lançamento do BRT Norte-Sul, em Goiânia, investimento de R$ 273 milhões.
No início do evento, a presença de Marconi chegou a causar estranheza na platéia presente, onde uma maioria de eleitores do PT até ensaiou uma vaia. Mas o governador dobrou o público ao fazer um discurso onde tocou no ponto principal da conjuntura política. Referindo-se aos protestos contra o governo federal, disse: "recebi conselhos para não estar aqui, que poderia ser hostilizado" e esclareceu: "venho aqui para receber uma presidente da República reeleita com legitimidade, que tem meu apoio a governabilidade."
O governador fez referências, ainda, "a violência de quem não quer uma democracia onde o republicanismo possa prevalecer."
Num momento onde legítimas preocupações com denúncias de corrupção na Petrobras são politizadas com a finalidade de gerar um ambiente de impasse político, a presença de Marconi num ato com a presença de Dilma — e também do ministro Gilberto Kassab — ajuda a esclarecer um aspecto essencial. Mostra que é preciso separar as coisas.
Da mesma forma que o Planalto cometeria um erro se tentasse aparelhar a máquina federal para embaralhar as investigações, a oposição não tem o direito de enfraquecer o regime democrático em busca de atalhos para o Poder.
Enquanto vários parlamentares da oposição passaram os últimos dias tendo de explicar sua presença em atos protesto em que não podiam abrir a boca, num tipo de autoritarismo anti-político que lembra os piores regimes que a humanidade já conheceu, Perillo faz sua parte pela democracia quando se recusa a questionar o mandato de uma presidente que recebeu 54 milhões de votos e tem mandato — legítimo — até 2014.
0 comentários:
Postar um comentário
A opinião do nosso leitor é: