Prestes a ser cassado por suas contas secretas na
Suíça e também acusado de prestar favores ao BTG, o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu aceitar no início da noite desta
quarta-feira 2 o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff feito pelos
juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior e abraçado pela oposição; segundo
Cunha, aceitação do pedido "tem natureza técnica" e o processo
seguirá seu rito "normal, com amplo direito ao contraditório";
"Não era esse o meu objetivo", disse Cunha; decisão ocorreu poucas
horas depois que a bancada do PT decidiu votar pela continuidade da ação que
pede a cassação de Cunha no Conselho de Ética.
Entenda o Processo:
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) aceitouo pedido de abertura
de um processo de impeachment de Dilma Rousseff ela possui o prazo equivalente
a 10 sessões da Câmara dos Deputados para apresentar a sua defesa. Essa defesa
é enviada para uma comissão especial que será destinada para a análise do caso.
A Câmara dos Deputados vai instalar a comissão, que será composta de 66
deputados e 66 suplentes pertencentes a todos os partidos e blocos
parlamentares. A composição idealmente refletirá a composição atual da Casa –
dessa forma, PT e PMDB/PEN, da base governista, terão algo em torno de 16
cadeiras de titulares e igual número de suplentes. Depois de formada, essa comissão
tem 48 horas para se reunir e eleger o relator, o presidente e os três
vice-presidentes. Assim que a presidente enviar a defesa, respeitando o prazo
estipulado, a comissão emitirá um parecer recomendando a aceitação ou a recusa
do processo de impeachment. Os deputados voltarão para uma nova votação, em
pauta está a abertura ou arquivamento do processo. Para que seja aberto, é
preciso que 2/3 da Câmara - ou 342 parlamentares - votem a favor. Se aberto,
processo vai para o Senado, que julgará a presidente. No Senado será criado uma
nova comissão com 1/4 dos senadores, cuja responsabilidade é redigir a acusação
contra Dilma, o líbelo acusatório, como é chamado formalmente. Ao longo desse
processo, segundo o iG, Dilma fica afastada da Presidência da República. Então,
são dois caminhos possível.
Dilma perde o cargo ou é absolvida: Os senadores
votam se aceitam ou não a acusação contra Dilma. Se aceitarem, ela é destituída
e fica 8 anos impedida de exercer função pública. Para que isso aconteça, é
preciso que 2/3 dos membros do Senado, ou seja, 54 membros, votem a favor.
Diante disso, Michel Temer (PMDB-SP), vice-presidente, assume a presidência da
República até o fim do mandato. Se for absolvida, volta ao cargo e termina o
mandato.
Reações:
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, elogiou a
decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), de acatar o pedido de
abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff; ”O
presidente da Câmara dos Deputados tomou uma decisão que lhe cabia.
O vice-líder do PT na Câmara dos Deputados, o
parlamentar baiano Afonso Florence, afirmou que o partido recebeu com
“serenidade” a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff, no entanto, o dirigente afirmou que a sigla não vai “acatar a
chantagem de Eduardo Cunha [PMDB-RJ, presidente da Câmara]”. “Ele estava
tentando chantagear para tentar pressão, pois as provas contra ele [Eduardo
Cunha] são robustas. As contas da presidente Dilma são lícitas. Vamos votar o
impeachment e vai reprovar. Não vamos acatar chantagem de Cunha”, afirmou, em
entrevista ao Bahia Notícias. Ainda de acordo com o deputado, apesar de, nos
últimos dias, tentarem “jogar Cunha no colo do PT”, o parlamentar “sempre foi
apoiado pelo PSDB e DEM”.
A presidente Dilma Rousseff afirmou que recebeu com
"indignação" a decisão do peemedebista; a presidente foi dura na
crítica a Cunha, mesmo sem citá-lo diretamente. A presidente foi dura na crítica a Cunha, mesmo sem citá-lo diretamente; "Não possuo conta no exterior, nunca coagi instituições ou pessoas, nunca escondi dinheiro. Meu passado e presente atestam meu respeito à lei e à coisa pública", disse; segundo ela, "são inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentaram esse pedido"; "Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim, não paira contra mim nenhuma suspeita e desvio de dinheiro público", acrescentou.
"O PT ganhou na loteria com a abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma em meio à discussão sobre a cassação do mandato de Eduardo Cunha. O PSDB, que chantageou Cunha, volta aos seus braços sem nenhuma cerimônia. Agora, o PSDB é Cunha", comenta especialistas.
O Vice-presidente recebeu sete senadores da oposição poucas horas antes de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, anunciar a abertura do processo de impeachment; José Serra (PSDB-SP), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Tasso Jereissatti (PSDB-CE), Fernando Bezerra (PSB-PE), Agripino Maia (DEM-RN), Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Waldemir Moka (PMDB-MS) queriam o apoio de Michel Temer (PSDB) no processo; pessoas próximas ao vice-presidente disseram que ele não se comprometeu.
Governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB) disse que já se foi um ano (2015) "onde a racionalidade não operou na Câmara Federal"; durante vistoria na estação de Metrô no Leblon, Zona Sul do Rio, ele disse a situação vivida no impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello foi bem diferente da atual. "Uma pessoa séria com dificuldades de governabilidade, ela (Dilma) é uma pessoa acima de qualquer dúvida sobre sua vida. Pessoa muito séria".
Presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, classificou como "desespero" a decisão de Eduardo Cunha, que deveria estar preso, segundo ele; para Vagner, o país passa por um momento de paralisia provocado por um "terceiro turno que não acabou" e por uma política econômica equivocada; manifestações em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff devem acontecer hoje em Brasília.
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