terça-feira, 14 de setembro de 2010

FAO anuncia primeira redução no número de famintos em 15 anos

O número de famintos no ano de 2010 será de 925 milhões, redução de 9,6% em relação a 2009, quando foi superada a barreira de 1 bilhão. A informação foi divulgada nesta terça-feira (14/09) pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
Em relatório apresentado em sua sede, em Roma, a agência estabelece que a redução no número de famintos é consequência de uma melhoria no contexto econômico em 2010 e à diminuição dos preços dos alimentos desde 2008 (quando alcançaram seu pico mais alto).
De acordo com o documento, 98% dos famintos vivem em países em desenvolvimento, e dois terços deles se concentram em sete nações: Bangladesh, China, Congo, Etiópia, Índia, Indonésia e Paquistão.
Além disso, o relatório alerta que a crise econômica evidenciou a capacidade de reação "insuficiente" de muitos países pobres, assim como a falta de mecanismos para para proteger a população mais desfavorecida.
A FAO se baseia em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo os quais a produção mundial de alimentos aumentará em 4,2 % em 2010, após contração de 0,6% de 2009. Nesse meio tempo, o Banco Mundial assinalou um rápido aumento em fundos privados destinados aos países emergentes.
Apesar da melhoria, a agência lamenta o fato de a situação estar longe de atingir a meta fixada nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que persegue a redução de famintos pela metade até 2015. Para a FAO, o número de pessoas que têm fome no mundo continua sendo "inaceitável"
Brasil na luta
Também nesta terça-feira, foi divulgado um relatório da ONG internacional Action Age, que afirma que o Brasil é um modelo na luta contra a fome para os países em desenvolvimento, graças às políticas sociais implantadas na última década. Os dados indicam que, dentre 28 nações pobres, 20 estão longe de reduzir pela metade a fome até 2015, como estabelece o primeiro dos objetivos da ONU. Já o Brasil atingiu esta meta em 2006, e é o que melhor estaria lutando contra o problema.
A Action Aid atribui o bom resultado principalmente a programas sociais como o Fome Zero, que engloba uma série de iniciativas governamentais de apoio aos habitantes mais pobres, incluindo o Bolsa Família, subsídio mensal às famílias de baixa renda.
"A combinação de políticas de crédito e sociais ajudaram a reduzir a pobreza e a fome no Brasil. Além de iniciativas como Fome Zero e Bolsa Família, o Brasil teve muita pressão da sociedade civil para melhorar a situação social" , afirma Rosana Heringer, diretora da ONG no país.
O Brasil recebeu boas pontuações em quatro das áreas públicas analisadas no relatório de Action Aid. Foi primeiro lugar na proteção social, no marco legislativo e na igualdade de gênero, e quarto no ranking de direitos à alimentação. A pior nota do país foi na área de agricultura familiar, na 26ª colocação, superando apenas a Guatemala e a República Democrática do Congo.
"O volume de recursos públicos para a agricultura empresarial é muito grande em comparação com os que apoiam a agricultura de pequena escala", diz Rosana. Ela disse, porém, que nos últimos dez anos o país teve importantes avanços em iniciativas de apoio a pequenos produtores.
Ainda segundo o relatório, entre os países ricos, os três que mais apresentam cooperação são Luxemburgo, França e Espanha.

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