Utilização das redes sociais

Opinião: Pedro Cardoso da Costa 
-Bacharel em direito.
 Interlagos/SP
Um lema importante, em especial nos locais de trabalho, é que nada é tão ruim que não possa piorar, nem nada é tão bom que não possa melhorar. Ambas objetivam evitar a acomodação em qualquer condição. Deve-se solucionar as situações ruins e aperfeiçoar sempre as positivas. Nas relações interpessoais a interação deve ser a mais harmônica possível. Nessa mesma linha nada escapa das observações e valorações humanas, que em alguns momentos e sobre determinadas segmentos há exacerbação. Cantores populares são as vítimas prediletas desse tipo de linchamento. No momento estão no olho do furacão Michel Teló, com a música Ah se eu te pego!, Gustavo Lima, com Balada Boa e João Lucas e Manuel com a música aprovada por Neymar, tchu tcha tcha. Assim como a insolúvel questão sobrem quem nasceu primeiro, se a galinha ou o ovo, não é relevante saber se eles gravam aquilo que a população gosta ou se gravam o que vai cair no gosto do povo. De qualquer forma, a responsabilidade pelo suposto mau gosto não é de quem oferece o produto.
Essa crítica está se tornando generalizada à rede mundial de computadores, em especial às chamadas redes sociais. Há uma profusão de críticas ao conteúdo simplório, às tolices e até às muitas grosserias e pornografias contidas em algumas músicas ou ritmos. Mas como já dito anteriormente sobre a rede, o problema não está na ferramenta, mas ao mau uso dela. As redes sociais não passam de instrumento com inúmeros recursos de utilização e principalmente de informação. Culpá-las pelos malefícios advindos de má utilização é desviar de foco.
Ainda que toda tecnologia possibilite a má utilização, cabe ao cidadão de bem fazer prevalecer os fatores positivos. São muitos e incontestáveis os benefícios trazidos pelas redes sociais. Um é a comunicação instantânea entre as pessoas distantes, o que diminui a saudade e gera bem-estar. Outro seria o grande número de usuários devido à facilidade de manuseio, o que termina por inserir pessoas à leitura, mesmo superficial, mas que pode levar ao aprofundamento. E mais, a facilidade de circulação e de troca imediata de informações, além de as redes sociais se constituírem numa poderosa fonte de comunicação.
Entretanto, é indiscutível que poderia ser mais bem utilizada. Por exemplo, as pessoas deveriam se preocupar em escrever um pouco melhor, evitando erros gráficos de palavras simples, já que os mais complexos de sintaxe são inevitáveis para quase todos. Um equívoco corriqueiro é confundir o verbo na 3ª pessoa do plural no pretérito perfeito do modo Indicativo (andaram, correram, comeram, falaram) com o futuro (andarão, correrão, comerão e falarão). O fato de se destinarem a diálogos breves e a todo instante não justifica a falta de um aprimoramento constante. Até por que as escolas públicas e muitas particulares de ensino médio não capacitam seus alunos o suficiente a fazerem essa distinção com clareza. Mas aí vale pedir ajuda aos santos de busca como a São Google e Cadê bem como a outros. As pessoas andam de espírito muito armado e qualquer sugestão para um aprimoramento pode ser encarada como uma provocação. 
Aqueles preocupados com a qualidade precisam disponibilizar temas com melhores conteúdos; deveriam lutar para desfazer o entendimento predominante de que as redes sociais têm por finalidade básica os vitrais ingênuos, a futilidade, o erro bobo da Língua Portuguesa e até as futricas e ofensas pessoais. 
Também é evidente que existem riscos graves. São comuns as ameaças entre pessoas divorciadas, chantagens com imagens e vídeos de encontros amorosos anteriores; os namoros virtuais que resultam em grandes desilusões. Deve-se ignorar o mundo de bobagens que circulam na rede, que se fala no rádio, que se mostra na televisão aberta; como também - em menor grau - nos filmes, no teatro, nos shows e em qualquer atividade de entretenimento. Hoje, ninguém vive mais sem uma olhadinha  diária no “face” e congêneres, daí só resta lutar pela predominância do bem

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COMENTÁRIO Santayana: Os EUA estão 

de olho na Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai, Argentina)

O golpe em Assunção (Paraguai) e a tríplice fronteira



A moderação dos Estados Unidos, que dizem estranhar a rapidez do processo de impeachment do presidente Lugo, não deve alimentar o otimismo continental. Em plena campanha eleitoral, a equipe de Obama (mesmo a senhora Clinton) caminha com cautela, e não lhe convém tomar atitudes drásticas nestas semanas. Esta razão os leva a deixar o assunto, neste momento, nas mãos da OEA. Na verdade, se as autoridades de Washington não ordenaram a operação relâmpago contra Lugo, não há dúvida de que o Parlamento paraguaio vem sendo, e há muito, movido pelo controle remoto do Norte.

E é quase certo que, ao agir como agiram, os inimigos de Lugo contavam com o aval norte-americano. E ainda contam. Conforme o Wikileaks revelou, a embaixada norte-americana informava a Washington, em março de 2009, que a direita preparava um “golpe democrático” contra Lugo, mediante o Parlamento. Infelizmente, não sabemos o que a embaixada dos Estados Unidos em Assunção comunicou ao seu governo depois e durante toda a maturação do golpe: Assange e Meaning estão fora de ação. 

Não é segredo que os falcões ianques sonham com o controle da Tríplice Fronteira. Não há, no sul do Hemisfério, ponto mais estratégico do que o que une o Brasil ao Paraguai e à Argentina. É o ponto central da região mais populosa e mais industrializada da América do Sul, a pouco mais de duas horas de voo de Buenos Aires, de São Paulo e de Brasília. Isso sem falar nas cataratas do Iguaçu, no Aquífero Guarani e na Usina de Itaipu. Por isso mesmo, qualquer coisa que ocorra em Assunção e em Buenos Aires nos interessa, e de muito perto.

Não procede a afirmação de Julio Sanguinetti, o ex-presidente uruguaio, de que estamos intervindo em assuntos internos do Paraguai. É provável que o ex-presidente — que teve um desempenho neoliberal durante seu mandato — esteja, além de ao Brasil e à Argentina, dirigindo suas críticas também a José Mujica, lutador contra a ditadura militar, que o manteve durante 14 anos prisioneiro, e que vem exercendo um governo exemplar de esquerda no Uruguai.

Não houve intervenção nos assuntos internos do Paraguai, mas a reação normal de dois organismos internacionais que se regem por tratados de defesa do estado de direito no continente, o Mercosul e a Unasul — isso sem se falar na OEA, cujo presidente condenou, ad referendum da assembleia, o golpe parlamentar de Assunção.

É da norma das relações internacionais a manifestação de desagrado contra decisões de outros países, mediante medidas diplomáticas. Essas medidas podem evoluir, conforme a situação, até a ruptura de relações, sem que haja intervenção nos assuntos internos, nem violação aos princípios da autodeterminação dos povos.

A prudência — mesmo quando os atos internos não ameacem os países vizinhos — manda não reconhecer, de afogadilho, um governo que surge ex-abrupto, em manobra parlamentar de poucas horas. E se trata de sadia providência expressar, de imediato, o desconforto pelo processo de deposição, sem que tenha havido investigação minuciosa dos fatos alegados, e amplo direito de defesa do presidente.

Registre-se o açodamento nada cristão do núncio apostólico em hipotecar solidariedade ao sucessor de Lugo, a ponto de celebrar missa de regozijo no dia de sua posse. O Vaticano, ao ser o primeiro a reconhecer o novo governo, não agiu como Estado, mas, sim, como sede de uma seita religiosa como outra qualquer.

O bispo é um pecador, é verdade, mas menos pecador do que muitos outros prelados da Igreja. Ele, ao gerar filhos, agiu como um homem comum. Outros foram muito mais adiante nos pecados da carne — sem falar em outros deslizes, da mesma gravidade — e têm sido “compreendidos” e protegidos pela alta hierarquia da Igreja. O maior pecado de Lugo é o de defender os pobres, de retornar aos postulados da Teologia da Libertação.

Lugo parece decidido a recuperar o seu mandato — que duraria, constitucionalmente, até agosto do próximo ano. Não parece que isso seja fácil, embora não seja improvável. Na realidade, Lugo não conta com a maior parcela da classe média paraguaia, e possivelmente enfrente a hostilidade das forças militares. Os chamados poderes de fato — a começar pela Igreja Católica, que tem um estatuto de privilégios no Paraguai — não assimilaram o bispo e as suas ideias. Em política, no entanto, não convém subestimar os imprevistos.

Os fazendeiros brasileiros que se aproveitaram dos preços relativamente baixos das terras paraguaias, e lá se fixaram, não podem colocar os seus interesses econômicos acima dos interesses permanentes da nação. É natural que aspirem a boas relações entre os dois países e que, até mesmo, peçam a Dilma que reconheça o governo. Mas o governo brasileiro não parece disposto a curvar-se diante dessa demanda corporativa dos “brasiguaios”.

No Paraguai se repete uma endemia política continental, sob o regime presidencialista. O povo vota em quem se dispõe a lutar contra as desigualdades e em assegurar a todos a educação, a saúde e a segurança, mediante a força do Estado. Os parlamentos são eleitos por feudos eleitorais dominados por oligarcas, que pretendem, isso sim, manter seus privilégios de fortuna, de classe, de relações familiares.

Nós sofremos isso com a rebelião parlamentar, empresarial e militar (com apoio estrangeiro) contra Getulio, em 1954, que o levou ao suicídio; contra Juscelino, mesmo antes de sua posse, e, em duas ocasiões, durante seu mandato. Todas foram debeladas. A conspiração se repetiu com Jânio, e com Jango — deposto pela aliança golpista civil e militar, patrocinada por Washington, em 1964.

A decisão dos países do Mercosul de suspender o Paraguai de sua filiação ao tratado, e a da Unasul de só reconhecer o governo paraguaio que nasça das novas eleições marcadas para abril, não ferem a soberania do Paraguai, mas expressam um direito de evitar que as duas alianças continentais sejam cúmplices de um golpe contra o estado democrático de direito no país vizinho.
Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/

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COMENTÁRIO: Cosa Nostra, Veja, Omertá, Carlinhos Cachoeira – TUDO A VER

A expressão clássica do crime organizado são as máfias, e entre as máfias a mais famosa e glamourizada, inclusive por Hollywood e a Cosa Nostra (Coisa Nossa). Oriunda da Sicília, esta organização espalhou-se pelos Estados Unidos e se tornou a mais rica e importante organização criminosa do mundo. A Cosa Nostra na Sicília se tornou um Estado dentro do Estado, controlando a polícia, a justiça, os meios de comunicação e a política da Ilha, a partir de sua aliança com o Partido Democrata Cristão e o Alto Clero da Igreja Católica. Aqueles que não se submetiam á lógica mafiosa eram alvos de atentados e assassinatos como os juízes Falcone e Borselino (estes crimes causaram tamanha indignação que a população exigiu um combate enérgico á organização criminosa).
 A Cosa Nostra possuía o seu código de silêncio a omertá e quem desrespeitava este mandamento era sumariamente executado. Esta digressão sobre a máfia siciliana e seu código de silêncio, a omertá, me ocorreu por analogia ao silêncio sepulcral da imprensa em geral e das televisões em particular sobre o vergonhoso envolvimento de um jornalista da revista Veja com um dos chefes do crime organizado conhecido como Carlinhos Cachoeira.
 Esta revista que sempre se colocou como a Vestal das Vestais da imprensa brasileira, que atacou e ataca impiedosamente a honra e a dignidade dos seus desafetos, especialmente se pertencem ou simpatizam com o Partido dos Trabalhadores, que guinda indivíduos como o Senador Demóstenes Torres á condição de paladinos da moralidade, simplesmente apresenta a singela explicação que seu funcionário teria Carlinhos Cachoeira como “Fonte”. Será que se o jornalista em questão fosse assessor de algum parlamentar do PT ou funcionário da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação-empresa pública federal), esta singela explicação seria aceita pela mídia em geral e pela revista Veja em particular? Quais seriam as manchetes? No mínimo seriam do tipo – Governo Dilma e o PT de braços dados com o crime organizado. CPI para apurar as atividades criminosas do PT e outras manchetes tão aviltantes que sequer tenho estômago para citar.
 A verdade factual que a grande mídia se recusa a publicar e que são no mínimo suspeitas as relações entre a revista Veja e o contraventor Carlinhos Cachoeira, que estas relações são incompatíveis com o papel da imprensa, que pode ter ocorrido crime ou não e é preciso investigar a fundo para que a verdade apareça que caso não tenha ocorrido crime, mesmo assim a relação entre a revista e o contraventor não é saudável para a democracia e muito menos para a liberdade de expressão. Estas verdades factuais evidentes para qualquer pessoa de boa-fé são sumariamente varridas para debaixo do tapete pelo seleto grupo de plutocratas que controla a mídia no Brasil.
Estes mesmos plutocratas são aqueles se inflamam, se arrepiam e se rasgam a qualquer menção sobre políticas públicas de controle social da mídia e da revisão das políticas vergonhosas de concessões de rádios e televisões, aqueles que ao menor rumor sobre políticas de democratização dos meios de comunicação celeremente as taxa de autoritárias e que o país descamba para a ditadura, aqueles que esbravejam e vociferam contra políticas e leis de conteúdo regional mínimo (que no mais das vezes sequer cumprem estas leis), são os mesmos que qual a Cosa Nostra se protegem com um pacto de silêncio.
 Os cidadãos brasileiros doravante ao ouvir os arautos destes interesses midiáticos gritarem “Liberdade de expressão!”, “Liberdade de expressão!”, devem entender que o que realmente eles estão bradando é “Omertá!”, “Omertá!”, ou seja, o que eles querem realmente e continuar com o poder de cercear as informações que não são de seu agrado enquanto continuam a fazer as suas cachoeirices.

Yulo Oiticica – Deputado estadual e líder da bancada do PT-Bahia





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OPINIÃO: Nem Demóstenes escapou

Opinião: Pedro Cardoso da Costa –
 Bacharel em direito
 Interlagos/SP
Uma atividade da qual qualquer pessoa espera todo tipo de malfeitorias é a política, especialmente de parlamentares. Como em todos os segmentos sociais, há exceções e os alguns representantes garantem a certeza dessa exceção. Na atualidade, Demóstenes seria o último a apagar as luzes da ética nacional. Lamentavelmente, seria...

Depois de tantos anos de confiança solidificada junto à sociedade e até entre os seus pares, numa semana, dia após dia, aparecem gravações da Polícia Federal que mostram a bipolaridade de caráter do senador. Sempre a conta gota surgem conversas gravadas do senador com o contraventor Carlinhos Cachoeira apontando uma relação íntima que inclui até o repasse das matérias a serem votadas pelo Senado, com a finalidade clara de direcionar a lei de forma a favorecer as atividades ilegais do bicheiro.

Seguindo o ritual comum a casos de corrupção, o advogado de Demóstenes centraliza sua defesa numa possível ilegalidade das gravações, sob a alegação de que foram autorizadas por instância inferior, quando deveria ter sido pelo Supremo Tribunal Federal – STF, por se tratar de senador da República. Ainda que se trate de filigrana jurídica, que poderá inocentar o senador de qualquer consequência punitiva, a questão central foi ele usar sua atividade de representante do Estado para favorecer alguém que deveria ser punido exatamente pelo próprio Estado. E, acredite, ele está sendo punido com prisão.

Esse detalhe de que as gravações precisem ser autorizadas pela Justiça jamais deveria se sobrepor ao conteúdo criminoso de qualquer gravação que aparecesse, com exigência apenas da autenticidade comprovada, ainda que seja de autoria desconhecida.  Não resta dúvida que exigências como esta visam tão somente livrar de punição as pessoas renomadas ou ricas, já que pobre não necessita de gravação; elas são estapeadas publicamente nas ruas em todo o país.

Esse detalhe menor livrará o senador Demóstenes apenas no Judiciário, pela cultura arraigada de não punir as pessoas do andar de cima, com sobra de argumentos e fundamentos legais. Não será absolvido na seara política, não pelas nobreza e retidão dos parceiros, mas por ter feito muitos inimigos devido à ênfase na cobrança de ética por parte dos seus colegas. Era tão sublime sua postura, que era o primeiro a exigir a demissão de ministros envolvidos em corrupção.

Além dessa postura similar à de um padre que abusa de coroinhas, o mais preocupante é que, antes de senador, Demóstenes Torres se trata de um promotor licenciado, cargo para o qual deveria voltar se deixar o Senado. O Ministério Público de Goiás, além de evitar seu retorno, deveria investigar todos os seus pareceres anteriores, especialmente aqueles proferidos em ações de interesse do seu pupilo. Não se pode conceber a idoneidade de quem trai seus próprios colegas, apenas por mudar de atividade. Depois de Fernando Gabeira ser pego na farra das milhas oficiais para parentes e amigos, Demóstenes Torres foi a decepção maior.

Aproveito apenas para alertar ao deputado federal Antonio Reguffe a não me decepcionar, pois foi o único político que defendi num texto, com o título “um político de verdade”. Assim como nas emendas à Constituição, emendarei o referido texto para manter o entendimento, com a ressalva do até aprova em contrário. Definitivamente, a renúncia seria o mínimo gesto condizente com a dignidade que o senador demonstrava possuir com a sua postura e a própria fisionomia. Episódios como este só fortalecem os facínoras inveterados. Que pena, Demóstenes! 

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
  Bacharel em direito


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Defesa não é impunidade

Alguns clichês tornam-se verdades absolutas no Brasil. Todos trazem muita deformação no entendimento correto de conceitos e alguns modificam, prejudicam ou distorcem  totalmente alguns valores. Por esses clichês, furto de dinheiro público virou desvio de verba. Desviar dinheiro público seria apoderar-se de valores da sociedade em benefício próprio ou de terceiros.
Toda tipicidade de um furto encontra-se também num desvio de verba. Mas surrupiar dinheiro de montão virou rotina sem que ninguém seja condenado criminalmente. Cabe aos jurisconsultos do Direito apontar a diferença de tipicidade de furto do “desvio” de dinheiro público. Toda imprensa brasileira aceita como diferente o furto de dinheiro público da grana de um vizinho.
No drástico e brutal assassinato de Isabella, outro bordão jurídico veio à tona com as defesas prévias dos advogados dos, agora, condenados pelo crime. Todo mundo ouviu um dos advogados afirmar que seu cliente era inocente. Posição de mão única. A defesa sempre pode ser prévia, a condenação só após o julgamento e trânsito em julgado. Nada errado nisso. Mas se o casal veio a ser condenado, cabe indagar no que consistiria a afirmação de inocência do advogado. Já que não era verdadeira sua afirmação.
Tornou-se de domínio público a versão de que, ao ligar para um advogado de defesa, o cliente afirma ter matado alguém e logo ouve outra pergunta: quem disse que foi você quem matou?
Isso tudo porque, no Brasil, se consolidou o conceito de defesa tornar impune um criminoso. Seria óbvio noutra cultura com espírito de justiça já consolidado de que, assim como um inocente não pode ser condenado, um criminoso não pode ficar impune. No Brasil ocorre o inverso. Toda análise antes da condenação só pode ser hipotética. O assassinato da menina Isabella apenas ajuda a colocar em debate alguns argumentos inconsistentes; verdadeiros clichês jurídicos.
Caso tenha sido estratégia de defesa a invenção de uma terceira pessoa na cena do crime, algum inocente poderia ser condenado no lugar dos verdadeiros assassinos. Imagine se o casal tivesse sido mais esperto e tivesse pedido uma pizza para entrega imediata. Na hora da entrega, os pais se escondessem, e atirassem a menina nesse momento. Ao descer assustado, e se o entregador fosse perseguido pelo casal, numa simulação de que teria inventado a entrega da pizza para matar a menina. Por praticarem uma injustiça sem nenhum escrúpulo, advogado de defesa e assassinos verdadeiros seriam tachados de geniais. Enquanto isso, um pobre inocente iria amargar anos de prisão injusta. Repito, em função de hipótese de simulação e desfaçatez conseguir-se-ia a impunidade em lugar de defesa. Concretizado o golpe vil, os defensores seriam considerados geniais advogados que exercem a profissão de má-fé, a pretexto de que vale tudo para defender o cliente. Tudo vale, desde que verdadeiro, dentro da legalidade, da moralidade e da ética. Fora disso, é banditismo dissimulado de defesa.
Não existe crime sem definição prévia em lei. Tanto que são redundantes muitos avisos de “pratica crime, previsto em lei”. Não existe outra forma de praticar um crime. Para qualquer crime praticado existe uma punição correspondente. Comprovado que alguém cometeu um crime; a defesa seria só, e tão somente, que essa pessoa recebesse uma pena dentro dos parâmetros definidos para aquele ato, já que o Ordenamento Jurídico brasileiro tem uma série de penduricalhos. Qualquer ação do Estado-Judiciário que ultrapasse essa pena caracteriza-se num abuso.
Caberia ao Congresso Nacional modificar as leis infraconstitucionais ou a Constituição Federal para punir qualquer assassinato premeditado com a prisão perpétua, no mínimo. Quem tira a vida de alguém de forma planejada nunca mais pode ter liberdade. Morrer é igual. Mas se no processo de assassinato houver muito sofrimento antes, que se discuta e aprove a pena de morte. O resto é aliviar para covardes se divirtam com o sofrimento e morte de pessoas.
E a Justiça brasileira, de tantas especiais, precisa parar com a cantilena de que demora é sinônimo de julgamento eficaz. Ao menos deveria prestar contas à sociedade e, por exemplo, facilitar informação e disponibilizar a qualquer interessado o andamento dos processos.
O Direito é objetivo. Nunca foi, não é, nunca será justiça a perda de um direito por seu titular. Deveria haver punição para quem defende a inocência de quem é sabidamente culpado. Isso não é defesa nem em sentido jurídico nem social; isso é impunidade. 

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
    Bel. Direito









Bandidos de Toga



              Há vários fatores que contribuem para permanecer o atraso social do Brasil. Muitos são subjetivos que atrapalham a formação ou consolidação dos valores éticos da sociedade. Essa diferenciação de tratamento fica bastante evidenciada no tratamento dado às pessoas de diferentes classes sociais no dia a dia.  Essa praga está generalizada que abarca toda esfera da administração pública, especialmente o Poder Judiciário que, por sempre ter sido tratado acima do bem e do mal, um verdadeiro extraterrestre.  Essa postura de divindade ficou explícita com a fúria contra a ministra do Superior Tribunal de Justiça e corregedora do Conselho Nacional de Justiça,  Eliana Calmon, por ter afirmado que o Poder Judiciário tem bandidos encobertos por togas, num  pronunciamento tão duro quanto verdadeiro.


Não é raro ouvir o tratamento de doutor a pessoas de classe social alta pelos mais humildes numa demonstração de deferência meramente em função da classe social. Há frases de intimidação  famosa como a “sabe com quem está falando?”, e privilégios de gratuidade que vão de almoços, viagens em jatinhos até entradas em todo tipo de espetáculos; todos desprovidos de justificativas plausíveis, e com base apenas em “status quo” dos beneficiados e na cultura de inatingibilidade pelas regras reguladoras de comportamento de algumas figuras brasileiras. Há algum tempo, o governador do Ceará, com dinheiro do erário daquele estado, passou pela Europa com a sogra. E José Sarney deixou um fraturado esperando seu lento pouso num jato do estado do Maranhão. Mas o assunto aqui é a percepção de os membros do Poder Judiciário comportarem-se como seres acima do bem e do mal e, principalmente, das leis.
Eliana Calmon não descobriu a pólvora. Só teve a coragem de falar o que a maioria da população pressente e os integrantes do Judiciário não têm dúvida. Suas palavras seriam redundantes em qualquer democracia efetivamente consolidada. As pessoas deveriam ser punidas pelos atos praticados e não pela posição social de que desfrutam.  Mais óbvio do que isso só a necessidade de afirmação de que o autor de um crime deve ser punido. No caso dos magistrados-bandidos, de novo outra inversão, já que àqueles que exercem cargo público, especialmente o de zelar pela Justiça, deveriam ter julgamentos bem mais rápidos e penas bem maiores.
Mas a discussão deve ir além da morosidade do Judiciário brasileiro, que é o pilar da impunidade e das sentenças duvidosas e das criminosas. Mesmo que seja parido a fórceps, é preciso nascer no Judiciário a mentalidade de que é preciso ser célere como premissa de Justiça, embora seja outra obviedade. Depois, de que seus membros não estão acima do erro nem dos demais cidadãos quanto à necessidade de pagar por seus pecados.
Todos têm o direito sagrado ao direito de espernear, ao “Jus esperniandi”; o Poder Judiciário também tem esse direito, mas não ao ponto da execração pública e generalizada de uma ministra de reputação ilibada, intocável, por que se insurgiu contra a criminalidade togada. Ela existe e deve ser combatida implacavelmente como qualquer ação criminosa.
Essa defesa corporativa só traz insegurança a todos e reforça a certeza de que muitas sentenças favoráveis a alguns investigados renomados são mortais à ética e são passíveis de instigação criminal, que não ocorre e por isso camufla um percentual verdadeiramente maior de sentenças embasadas no quanto se beneficia a marginália togada.
Culpar as leis brandas por suas sentenças absurdas é a justificativa mais comum do lado mal da toga.  O cipoal de leis, decretos, emendas constitucionais, portarias, resoluções são a cereja desse bolo que se esbalda com suas decisões absurdas ou alimenta a indústria da prescrição. Esta, sim, a saúva do Poder Judiciário que não é combatida nem pela sociedade, e nem sequer é apontada como o crime dos crimes a serviço dos “santos” de toga, tão desconhecidos do ingênuo Cézar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal. Alguém precisa presenteá-lo com a revista Veja dessa semana. Talvez quebrasse a sua virgindade mental sobre assunto tão grave.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
         Bel. Direito

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