quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dono de site baiano é preso por extorsão


O proprietário do site Pura Política, o falso jornalista João Andrade Neto, foi preso em seu escritório, no segundo andar do Edifício Lena Empresarial, na Avenida Magalhães Neto, bairro da Pituba, na tarde de ontem, durante uma operação conjunta da Coordenação de Operações Especiais (COE), da Polícia Civil e da Superintendência de Inteligência da SSP, denominada “Fúria”.
Seis empresários do ramo da construção civil, educação, dentre outros, afirmam terem sido chantageados e extorquidos pelo dono do veículo de comunicação. Segundo a polícia, o acusado chegava a pedir até R$ 1,5 milhão para não publicar matérias que denegrissem a imagem dos empresários. João Andrade era escoltado por dois policiais militares rotineiramente e enviava torpedos pelo celular cobrando o valor exigido às vítimas. Outros quatro funcionários do site que trabalhava com ele foram ouvidos pela delegada Gabriela Macedo.
João Andrade chegou à sede do COE e não quis falar com a imprensa. Ele disse que prestará esclarecimentos apenas em juízo.
APURAÇÃO - De acordo com informações do Secretário de Segurança Pública, César Nunes, João Andrade já vinha sendo investigado há dois meses. Dois empresários procuraram a polícia e fizeram a denúncia.
Uma das vítimas gravou as mensagens que recebia de João com as chantagens e apresentou à polícia, e daí foi armada uma emboscada para o acusado na Empresa de Táxi Aéreo. A vítima foi ao local e levou uma quantia de R$ 5 mil para um funcionário de João Andrade. Tudo foi filmado pela polícia. Horas depois, no momento da prisão, o acusado estava com R$ 2,4 mil uma vez que o seu funcionário já tinha subtraído R$ 2,6 mil para efetuar alguns pagamentos.
Segundo a denúncia, o proprietário do site pretendia extorquir uma quantia de R$ 30 mil, sob chantagem de publicar em seu veículo notícias inverídicas ou fazer uma relação da vítima com algum criminoso. “O que ainda vamos investigar é quem está por trás disso, quem bancou o João Andrade, quem deu apoio a ele para montar aquela estrutura. Computadores foram apreendidos e serão periciados. O objetivo de divulgar essas informações à imprensa é que para outras pessoas que foram lesadas por ele denunciem”, afirmou Cesar Nunes.
Para a delegada Gabriela Macedo, João Andrade está sendo acusado de crime de extorsão, a princípio, porém, no decorrer das investigações, ele também poderá responder por calúnia e difamação. Ele ficará preso por cinco dias, podendo ter a prisão prorrogada pelo mesmo tempo até que possa ser pedida a prisão preventiva.
“Com relação ao site, vou solicitar ao juiz que tire do ar. Só o juiz que pode fazer isso. Também vamos investigar qual a origem do dinheiro que ele gastou em uma grande campanha publicitária espalhada pela cidade", admitiu a delegada. Os advogados de João Andrade, de prenomes Cláudio e Vinícius, presentes no depoimento, não falaram com a imprensa.
Funcionários surpresos com a ação - O site Pura Política comentou a prisão do empresário, em nota divulgada no final da tarde, e negou as denúncias de extorsão. “A equipe de jornalismo do Pura Política, neste momento, foi pega de surpresa. Estando todos, desde o auxiliar de serviços gerais até o editor do site, estarrecidos com a situação”, conta na nota. João Andrade Neto, responde a 13 processos judiciais que tramitam no Tribunal de Justiça (TJ-BA). Somente o empresário do ramo imobiliário Carlos Seabra Suarez move três processos por calúnia, difamação e injúria contra Neto. Entre os autores das ações, há personalidades políticas, como os deputados federais Marcos Medrado e Marcelo Guimarães Filho; o candidato a governador do Estado pelo PMDB, Geddel Vieira Lima; e o secretário de Comunicação da Prefeitura de Salvador,André Nascimento Curvello. Andrade Neto trabalhou como assessor na Limpurb e na Secretaria de Governo do Município de Salvador, entre outros. O empresário ficará preso por cinco dias, podendo ter a prisão preventiva prorrogada por mais cinco. Caso seja condenado, João Andrade pode cumprir pena de 9 a 10 anos. Ele estava sendo investigado há dois meses, depois que seis empresários vítimas de extorsão prestarem queixa. Uma das vitimas ajudou a polícia a fazer um “vídeo flagrante” pagando R$ 5 mil a um dos sócios do João Andrade.

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