terça-feira, 8 de maio de 2012

A voz da Veja e do Cachoeira


A certa altura, a voz de Claudio Abreu – daquela empresa, a Delta, que operou com o Padim Pade Cerra e Paulo Preto às margens dos rios fétidos de São Paulo – aparece num diálogo sobre a alegria do “repórter” da Veja, Policarpo, chefe da Veja em Brasília, ao receber um detrito originário de Cachoeira para publicar no detrito sólido.
Claudio a Cachoeira:
“Cara, show de bola. Achei que ele ia me dar um beijo”.
Cachoeira forneceu cinco capas à Veja, sempre através do chefe da revista em Brasília.
Apesar da merval argumentação, os áudios do Domingo Espetacular comprovam que a Veja era instrumento e beneficiária dos negócios de Cachoeira e da Delta, essa empresa que operou com o Cerra e o Paulo Preto.
Cachoeira diz com todas as letras que plantava as reportagens – ou seja, mandava publicar – na revista de Robert(o) Civita.
Cachoeira dizia quando a plantação ia ser publicada no detrito sólido e ainda escolhia o lugar.
Há 200 gravações de telefonemas entre o Policarpo e sua “fonte”, o Cachoeira.
Ele mereceu até dois gentis apelidos: “PJ” e Poli”.
Muito simpático, não ?
A certa altura, com a própria e límpida voz, Cachoeira diz que o detrito deve ser plantado na seção “Radar”, sob a imaculada responsabilidade de Lauro Jardim (que processa Luis Nassif).
Mas, na verdade, nem o Cachoeira leva o “Radar” a sério: “se for na revista melhor ainda”, diz o notável empresário.
A reportagem de Afonso Monaco mostra como Robert(o) Civita e Cachoeira tramaram a “reportagem” para entrar no apartamento de José Dirceu num hotel de Brasília.
Poderia ser para plantar cocaína no apartamento.
Mas, resultou numa pífia denúncia: que Dirceu recebia amigos e aliados para “derrubar” o Palocci.
Palocci, como se sabe, se derrubou porque não revelou a quem dava consultoria.
Na plantação da imagem de corrupção dos Correios, que deu origem ao mensalão – que está por provar-se – o alvo também era o Dirceu.
Cachoeira e Demóstenes acertaram pegar o Dirceu, porque Dirceu tinha impedido Demóstenes de ser Secretário Geral de Justiça – e legalizar o jogo.
As vozes dos personagens desse conluio comprovam o óbvio (que os mervais tentam encobrir): o que a Veja do Robert(o) fazia com o Cachoeira é um crime e aproxima Robert(o) da cadeia.
Robert(o) deve achar que desfruta da impunidade de que Roberto Marinho se valeu, no regime militar, para simular um atentado que o convertesse de cúmplice em vítima do regime.
A CPI vai desvendar outra operação Robert(o)/Cachoeira/Demóstenes: o grampo sem áudio que tirou Daniel Dantas da forca.
E por que, segundo Demóstenes, o “Gilmar mandou buscar” um processo que envolvia interesses empresariais de Cachoeira.
A reportagem de Afonso Monaco conclui com o bravo deputado Fernando Ferro, PT/PE, o autor da expressao PiG (*).
Ele quer que Robert(o) apareça para depor na CPI.
E se pergunta: quem essa elite pensa que é ?
Que vale mais que os outros?
Que está acima da Lei ?
A turma da Veja acha que sim.
E os mervais parecem concordar.
Mas, como diz o delegado Protógenes: jornalista bandido bandido é.

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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